" Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem de ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta...

PEDRAS NO CAMINHO? GUARDO TODAS, UM DIA VOU CONSTRUIR UM CASTELO."

Fernando Pessoa

domingo, 30 de outubro de 2011

Devagarinho

 


Foto de Manuela Sá Carneiro

 

O amor desbasta o ego. Enxuga excessos. Delata as mínguas. Transforma as mágoas. Destrona arrogâncias e idealizações. Desmancha certezas e tece oportunidades. Bagunça a autoimagem todinha, piedade zero, culpa nenhuma. O amor percorre territórios devastados da alma com a calma necessária para reflorestar um a um. Dissolve neblinas. Revela o sol. Destece máscaras. Reinaugura a humildade. Faz ventar. Faz chorar. Faz sorrir. Faz tempestade um monte de vezes pra dizer também céu azul um monte de vezes depois.

O amor nos ensina a simplificar perdões porque nos humaniza e nos lembra o quanto precisamos ser igualmente perdoados por tantas coisas, tanta gente, a começar por nós mesmos. Ele dispensa julgamentos porque abraça virtudes e limitações. Ele nos aproxima do nosso tamanho. Ele nos recorda quem somos. O amor nos revista, inteiros, pra retirar relógios, roteiros, estratégias, controles, defesas, não raro, escondidíssimos. Diz nas sutilezas. Diz belezas incríveis que conseguimos ouvir, por mais surdo e cético que o nosso coração tenha se tornado ao longo do caminho, com todas as perdas de que também foi feito, todas as frustrações.

O amor nos molda a cada movimento para a liberdade de acolher o imprevisível, o inimaginável, o inevitável, o aprazível. Para querer ser e querer sinceramente que os outros também sejam. O amor nos salva do costume de aceitar o mínimo que a vida pode nos oferecer quando ela quer nos ofertar o bastante. Ele nos torna mais sensíveis à alegria e à dor de toda gente, inclusive, principalmente, às nossas. Faz com que a gente se sinta parte da família humana. Conta que aquilo que procuramos, amiúde, num mundaréu de lugares, esteve o tempo todo, primeiro disponível, onde raramente buscamos. Reinventa-nos para nos tornar mais parecidos com nós mesmos, o máximo possível a cada instante. Dia após dia da nossa prática. Com medo e tudo. Com propósito e também com carinho. Devagarinho.
 
Ana Jácomo

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